terça-feira, 10 de novembro de 2009

POEIRA - Prova de Vinhos na Garrafeira Wine o' Clock, Matosinhos


Região: Douro
Produtor: Jorge Nobre Moreira
Enólogo: Jorge Nobre Moreira


Jorge Moreira foi enólogo da Real Companhia Velha durante alguns anos, casa onde, aliás, adquiriu vasta experiência.
A determinada altura, sentiu a necessidade de iniciar um projecto individual onde pudesse aplicar as suas próprias ideias e produzir vinhos que conseguisse chamar de realmente seus.
Comprou uma pequena quinta no Douro e o primeiro resultado desse projecto foi o Poeira 2001.

A Quinta do Poeira está situada em Provesende, ao longo de uma encosta no vale do Pinhão, na margem direita do rio com o mesmo nome. Uma enorme e velha moradia, rodeada por vinha, oliveiras e floresta, inserida numa paisagem de cortar a respiração, intensa e deslumbrante. O proprietário considera “que é um dos melhores vales de vinha do Douro”.

Em 2004, quando estava a preparar o terreno para nova plantação, Jorge Moreira deparou-se com um hectare de terreno com um solo completamente diferente do resto da quinta, mais fundo, menos pedregoso, mais fértil e com maior disponibilidade de água. Uma parcela situada numa zona mais abrigada, com menor número de horas de exposição solar.
Pareceu-lhe então evidente que, não obstante tratar-se de um terreno classificado como letra A (terrenos com apetência ideal para a produção de vinho do Porto), tinha pela frente uma oportunidade de produção de uvas brancas de excelente qualidade.

Os vinhos de que vos vou aqui falar representam as novas colheitas deste projecto e foram recentemente provados na garrafeira Wine o’ Clock de Matosinhos, numa prova conduzida pelo próprio Jorge Nobre Moreira.


PÓ DE POEIRA BRANCO 2008
Castas: Alvarinho (65%) e Gouveio (35%)
Vol. Álcool: 13,5%
P.V.P.: – 16,00 – 17,00 €
De inicio mostrou-se algo vincado pela madeira, culpa do copo demasiado estreito e do pouco tempo que teve para respirar.
Mais acomodado ao seu vasilhame e já devidamente agitado, este branco começou então a revelar a sua enorme mestria.
Com grande impacto aromático, onde predominam notas cítricas e minerais, este vinho possui um nariz com um conjunto bastante elegante e harmoniosamente integrado.
Na boca mostra-se igualmente elegante, com leves toques limonados, outros mais especiados e ainda um certo vegetal amargo ao fundo.
Com uma acidez muito viva e uma frescura que se faz sentir em toda a linha, este vinho mostra-se muito afinado e sem qualquer máscara.
Um branco diferente, muito expressivo e cheio de carácter.                        
Nota Pessoal: 16,5


PÓ DE POEIRA TINTO 2007
Castas: Touriga Nacional e Souzão
Vol. Álcool: 14%
P.V.P.: 16,00 – 17,00 €
Este vinho beneficiou do grande investimento feito nas vinhas novas, umas vinhas pensadas para ele, nascidas do pó e da poeira, da austeridade e da nobreza das terras durienses.
Com um estágio de doze meses em barricas, este vinho revela de imediato as suas notas adocicadas de baunilha e chocolate que tanto agradam à generalidade dos consumidores.
Muito concentrado e bem desenhado, este vinho, sem querer tirar todo o protagonismo ao seu irmão mais velho, mostra-nos um aroma fino e delicado, com a fruta de muito boa qualidade em evidência. Realço as suas notas de frutos silvestres a lembrar amoras e framboesas e algumas notas que até parecem de baga de sabugueiro.
Apresenta uma prova de boca muito atractiva, manifestando um perfil harmonioso e delicado, com taninos sedosos e uma frescura empolgante.
Com um conjunto muito envolvente, este vinho, de raro equilíbrio e subtileza, poderá e deverá ser consumido desde já, pese embora também me pareça ser detentor de considerável capacidade de envelhecimento. 
Nota Pessoal: 16,5

POEIRA 2007
Castas: Vinhas velhas com castas tradicionais misturadas e Tinta Roriz, a Touriga Franca, a Touriga Nacional, o Sousão e a Tinta Barroca.
Vol. Álccol: 14%
P.V.P.: +/- € 35,00
Excelente representante do afamado vigor do Douro, este tinto, que estagiou em barricas de carvalho francês durante 16 meses, foi produzido a partir de castas enxertadas em vinhas velhas (castas tradicionais misturadas) e de castas provenientes de vinhas mais novas, tais como a Tinta Roriz, a Touriga Franca, a Touriga Nacional, o Sousão e a Tinta Barroca.
Apresentando-se ainda bastante autoritário e musculado, este vinho revela contudo uma métrica muito precisa e um compasso extremamente regular.
Com uma complexidade, profundidade e concentração absolutamente fora do normal, presenteia-nos com um bom recorte aromático, onde as notas vegetais se fazem sentir de imediato, misturadas com toques minerais e fruta madura de muito boa qualidade.
Um vinho cheio, melodioso e bem proporcionado, que termina de forma persistente e nos comprova aquilo que poderá ser o resultado de uma maturação “quase” perfeita...                    
Nota Pessoal: 17                                                                                                 Olga Cardoso

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