quarta-feira, 25 de novembro de 2009

BÉTULA 2008


Região: Regional Duriense
Produtor: Jerónimo Montenegro
Enólogo: Francisco Montenegro
Castas: Viognier (50%) e Sauvignon Blanc (50%)
Vol. Àlccol: 13,5%
P.V.P.:  12 € – 14 €


Produzido na Quinta do Torgal, situada em  Barrô, em pleno Vale do Douro, este vinho foi elaborado a partir das castas Viognier e Sauvignon Blanc. Plantadas em magníficos solos graníticos e beneficiando já de um micro-clima de transição, estas uvas de origem francesa foram fermentadas de forma distinta antes de serem loteadas. A Viognier (casta com muito para dar e pela qual sou apaixonada) foi fermentada em barricas novas de carvalho francês, com batonnage semanal e a Sauvignon blanc (bordalesa de nascença, mas muito usada no Vale do Loire e também em países do chamado Novo Mundo) foi fermentada em cuba inox, a baixas temperaturas.

Pese embora seja uma acérrima defensora da utilização e divulgação das castas portuguesas, afinal de contas somos detentores de um vasto património ampelográfico, havendo mesmo quem afirme que se trata do maior acervo de espécies de uva da vitis vinifera existente no mundo (mas nisso já não acredito, pense-se em casos como o da Itália por exemplo!), a verdade é que também vejo com bons olhos a utilização de castas oriundas de outras paragens. Como consumidora que sou, e vendo o mercado já muito saturado com coisas cada vez mais iguais, apraz-me encontrar de quando em vez uma boa novidade vínica.

Provado incialmente a solo e depois maridado com um belo rodovalho no forno, este bivarietal revelou um  nariz onde ressaltam de imediato os  seus aromas mais vegetais, prontamente seguidos de deliciosas sensações a fruta madura como pêssego e melão e outra mais tropical a fazer lembrar o abacaxi e a manga.
Apresentando-se com aromas evidentes mas nada exagerados à madeira de carvalho francês onde a Viognier estagiou, com destaque para uns leves tostados e alguma baunilha, este vinho sobressai essencialmente pela sua exímia proporção fruta barrica.
Na boca mostra-se cheio e fresco, com uma ligeira untuosidade muito bem sustentada por uma acidez vibrante. Também aqui se faz sentir a sua fruta de boa qualidade e ainda um notório mineral proveniente das terras graníticas, os quais, felizmente, não foram minimamente beliscados pelos fumados da madeira.
Um vinho apelativo que nos surpreende a cada instante, resultado não só de uma vinificação cuidadosa e criteriosa a que o Francisco Montenegro nos tem vindo a habituar, mas também da qualidade da sua matéria prima. Uvas maduras e sãs pertencentes a castas muito distintas, que neste vinho se envolveram numa harmonia perfeita. 
Quando pensamos que o conseguimos compreender, ele revela-nos novas facetas dos seus aromas e sabores. Um vinho que sofre constantes mutações ao longo da prova mas sempre com uma sofisticação e uma delicadeza absolutamente sui-generis. 
Um vinho cuja complexidade não deixa que a fruta ou o carvalho dominem o conjunto, nem que a força supere a elegância. Um vinho impoluto, sem qualquer mácula,...um vinho que me deixou completamente rendida aos seus múltiplos encantos.

Nota pessoal: 17,5

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